terça-feira, 19 de outubro de 2010

A Literatura Hebraica


Redigido entre os séculos XV e II a.C, os livros sagrados que formam o Antigo Testamento constituem a primeira manifestação conhecida da literatura hebraica. Estes textos, unidos ao Novo Testamento, escritos em grego, formam a Bíblia, “O Livro”, a obra mais difundida da história. A literatura judaica floresceu, em razão das perseguições e da diáspora ou dispersão, em diferentes lugares do mundo. Suas manifestações aparecem em toda a Europa e na América, assim como também há uma geração de escritores próprios de Israel, depois de sua criação, em 1948.

AS PARTES E O TODO
Concebida através dos séculos, a Bíblia contém textos de diversos tipos desde os denominados históricos como o Gênesis, atribuído a Moisés, ou o dos Macabeus, de autor desconhecido, até os relatos de sucessos particulares como o de Ester, que narra como esta rainha judia evita que o vice-rei Haman persiga e escravize seu povo. Estranhamente, em todo este relato não aparece a palavra “Deus”. A luta pela independência aparece exaltada nos Macabeus, enquanto a espiritualidade está presente nos Salmos e no debatido Cânticos dos cânticos, que é atribuído a Salomão.

O CÂNTICO DOS CÂNTICOS
Definido como um dos mais profundos segredos da Bíblia. Os leitores profanos veem no texto um poema dedicado ao amor e à sensualidade, escrito por Salomão para celebrar seus amores com a filha do faraó. A leitura religiosa realizou diversas interpretações assinalando que se trata de uma parábola ou alegoria. Assim, quando o rei diz à vinicultora “beija-me com os beijos de tua boca”, estaria pedindo o beijo de Deus, já que a vinha seria uma metáfora. O erotismo que emana do texto não é mais que a entrega total ao Senhor. Entretanto, houve rabinos que proibiram sua leitura pelo menos até se fazer trinta anos.

A LITERATURA JUDAICA NA ESPANHA
Durante a ocupação da Península Ibérica pelo Islã, as cidades de Córdoba, Sevilha e Toledo, entre outras, abrigaram a pacífica vivência de muçulmanos, judeus e cristãos. Juntos colaboraram na tradução de textos de diversas culturas. Dunash ibn Labrat foi o tradutor da métrica árabe na poesia hebréia. Samuel ibn Negrella, médico e poeta, foi nomeado vizir da cidade de Granada. Entre os poetas mais destacados de sua época, figura Yehudá há-Levi, cultuador de uma forma lírica chamada carjas, um dos primeiros testemunhos em língua românica. Em 1492, com a queda de Granada, os judeus expulsos pela intolerância levaram consigo um dialeto do castelhano: o sefardi.

MAIMÔNIDES, O MÉDICO FILÓSOFO
Nascido em Córdoba por volta de 1135. Maimônides, desde jovem, sofreu com as disputas religiosas na Península Ibérica. Sua família, de origem judia, foi expulsa da região durante o período de dominação islâmica. Depois de vagar pelo sul da península, estabeleceram-se no norte da África. Estudou medicina e, com seu pai, praticou os ensinamentos judeus. Sua principal obra é Guia dos perplexos, na qual procura conciliar a fé, os dogmas do judaísmo, com o racionalismo e a filosofia aristotélica.

BARUCH SPINOZA: UM PENSADOR
Ainda que de pais judeus portugueses, as perseguições do cristianismo fizeram com que o filósofo Baruch Spinoza nascesse em Amsterdã, Holanda, em 1632. Seu pensamento, expresso na Ética e no Tratado teológico-político, escritos em latim, foi repudiado pelo judaísmo e excomungado. Sua obra foi revalorizada séculos depois por personalidades momo Marx, Freud e Einstein. Em vida repudiou os subornos que lhe ofereceram em troca de seu silêncio e sobreviveu exercendo o ofício de polidos de lentes.


DE GIOVANI, Fernando. Atlas de literatura. São Paulo: Escala Educacional, 2007, pg. 42-43.

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