terça-feira, 27 de setembro de 2011

João Cabral de Melo Neto - A educação pela pedra



A obra
Obra da maturidade do poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto, A Educação pela Pedra potencializa algumas questões muito caras ao poeta, como o apuro formal, o gosto pela arquitetura do verso, e um caminho para o mundo externo que seria quase a anulação do sentimento lírico clássico (o que fala da subjetividade), criando uma espécie de antilira.
O livro se divide em quatro partes, cada qual com 12 poemas: Nordeste (a), Não-Nordeste (b), Nordeste (A), Não-Nordeste (B). Vale atentar que essa simetria é puramente intencional por parte de João Cabral. Só para ilustrar a questão, as partes com letra minúscula têm poemas de 16 versos, ao passo que as de letra maiúscula, 24. Além disso, como um todo se pode perceber uma homenagem ao barroco na quantidade de duplos e antíteses nos poemas, somado a uma aridez temática, tão bem representada no título. Ocasionalmente, pode haver ironia e humor em alguns poemas da obra.
Valeria destacar para os vestibulandos alguns poemas que servem tanto como chave de leitura para os demais como também de exemplo das características do livro.
Entre eles estariam: A Educação pela Pedra (discussão sobre o fazer poético), Catar Feijão (uma reflexão sobre a dureza das palavras), Tecendo a Manhã (a poesia e a literatura vistas como uma comunicação entre textos), Duas Bananas & a Bananeira (descrição do sertão), O Mar e o Canavial (símbolo das tensões e antíteses que ocorrem com frequência no livro).

Como ler
- Importância do livro: trata-se de uma obra significativa de um dos grandes poetas da modernidade brasileira.
- O que o vestibulando deve observar: a presença do sertão nas partes nordestinas e a experiência da vida na Espanha, nas partes não nordestinas. É preciso muita atenção com a busca por uma linguagem plenamente adequada à temática, em outras palavras, a perfeita integração entre forma e conteúdo.
- Dificuldade do livro: trata-se da obra mais complexa selecionada pela UFRGS. Recomenda-se paciência na hora da leitura e pelo menos duas ou três leituras para cada poema.
- Uma chave de leitura: guarde em mente a importância do número 4 e da simetria entre os poemas para João Cabral. O título é bastante sugestivo para buscarmos a compreensão das intenções do poeta. Que educação seria esta que a pedra tem a nos oferecer? Um último ponto importante é aceitar o aspecto inovador e de ruptura dos versos cabralinos, se não na forma, na intenção de buscar uma objetividade extrema, evitando todo e qualquer sentimentalismo da poesia mais simples.

http://wp.clicrbs.com.br/clicvestibular/2011/09/23/leituras-obrigatorias-da-ufrgs-a-educacao-pela-pedra/ em 23/09/2011.

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