sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Moacyr Scliar - O Centauro no Jardim



A obra
Guedali Tartakovsky é um menino judeu que nasce metade homem, metade cavalo, como a mitológica figura do centauro. Criado por sua família em uma fazenda afastada (para evitar escândalos), enfrentará uma série de aventuras até conhecer uma outra centaura, Tita, com quem terminará por se casar mais tarde.
Surge então a possibilidade de uma cirurgia transformadora no Marrocos, que possa livrá-los da parte equina. O quarto traseiro é praticamente extirpado, restando as duas patas dianteiras. Para que possam caminhar com os cascos,usam botas ortopédicas especiais.
Depois disso, o casal vai viver em São Paulo (a mãe de Guedali tem dificuldades em aceitar uma nora que não seja judia), onde Guedali consegue vencer na vida.O casal tem filhos gêmeos que nascem plenamente saudáveis. Fazem amigos, em especial o casal Paulo e Fernanda.
Aos poucos, as lembranças da vida como centauro começam a atormentá-lo. Chega, por fim, a regressar ao Marrocos em busca de uma cirurgia reversiva. Lá conhece uma esfinge com quem mantém relações, que acaba escapando de sua jaula e sendo morta. Guedali retorna sem fazer a cirurgia.
Um dia, seus cascos se rompem, surgindo dois pezinhos (o couro já vinha se afinando e se transformando em pele).
A história termina no mesmo restaurante em que o livro começara, já no presente da narrativa (1973). Nesse momento, porém, ouvimos a versão de Tita para a história dos dois, que contradiz a versão que lemos até agora: Guedali nunca teria sido um centauro - nascera com uma deformação e depois um tumor o levara a crer que era um diferente.

Como ler
- Importância do livro: romance importante dentro da ficção contemporânea, em especial por seu caráter alegórico e pelo retrato da imigração judaica no sul do Brasil. Além disso, uma justa homenagem a Moacyr Scliar, recentemente falecido.
- O que o vestibulando deve observar: a impossibilidade em determinar se Guedali é ou não um centauro no sentido realista. Tal questão deve ser vista com autela, pois mais importante é admitir que muitas leituras são possíveis: a simbólica, a alegórica, fantástica e até realista (Guedali nunca foi um centauro senão para si mesmo).
- Dificuldade do livro: o livro não apresenta dificuldades de leitura quanto à compreensão do texto, como ocorre em outras das leituras obrigatórias.
- Como conhecer o personagem principal: lembre-se que Guedali é, antes de mais nada, alguém em busca de sua identidade: judeu/brasileiro, gaúcho/paulista, campônio/citadino, homem/centauro.
- Uma chave de leitura: Scliar segue a tradição da narrativa fantástica (Kafka, Cortázar), família de escritores para os quais a realidade não é mais que um espaço para o improvável, para o onírico, para o absurdo que, ao contrário das fábulas, pode ocorrer à luz do meio-dia.
http://wp.clicrbs.com.br/clicvestibular/2011/09/16/o-livros-da-ufrgs-o-centauro-no-jardim/, em 16/09/2011.

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